domingo, 10 de fevereiro de 2008

Porra é sábado e já é 4 da tarde.
Dia chuvoso, mais se tratando de São Paulo é sussa.
A merda da T.V. ligada, caixa do inferno.
A cidade chama, eu não quero ir.
Se você mora em uma megalópole de concreto é compreensível que as vezes tenha receio de dar as caras, atravessar uma paulista por exemplo, pode te fuder.
E as vezes ficar tranqüilo em casa, sem ter uma obrigatoriedade a cumprir, é muito bom, se utilizar do ócio criativo é muito gratificante. O ócio “criativo” é um momento de despreocupação total com as demandas e as expectativas do meio em relação ao indivíduo, o ócio é o nosso momento de liberdade dentro de uma cidade por vezes sufocante.
É um precioso momento, é o pouco tempo de “vida” que realmente você tem para usufruir, é um ultraje manter a televisão ligada em seu momento de liberdade, é estar viciado no aprisionamento, um conteúdo estático e inodoro, pobre e saturado, alienador. Graças a “dio santo” que existe internet, livros e muitas cabeças pensantes soltas por ai, conectadas pela rede maior.
Continua a chover na cidade, o “dia” se passou e a noite chegou, úmida e cinza, sempre muito atraente, pulsando possibilidades e me trazendo o desejo da aventura psicodélica.
Os vagabundos já se concentram na sala, o cheiro de cerveja e cinzeiros já é uma realidade e os freqüentes acidentes evidenciam o grau. Muita bosta é falada, muita discussão e pouca conclusão, mais o debate é vigoroso e faz bem a alma de um jovem maluco. Depois de enrolar e enrolar o máximo que todos agüentam, vamos desconcertados para a balada. Noto inclusive, que apesar do governo meter a mão em tudo que pode, as vias aqui entre a Bela Vista e a Barra Funda, são realmente muito boas, lembram até um lugar digno de uma cidade tecnocrata.
Introduzido na balada, especificamente uma de Tecnho, sinto-me feliz em poder estar em um lugar de bom gosto e adequado ao meu conceito de festa. É impressionante como o Tecnho ganha espaço na cena paulistana. A D-edge especificamente é um lugar a ser glorificado, porque não é apenas uma das melhores baladas do mundo para se estar, é um “palco” perfeito para o artista, que vindos de países como Alemanha, França e Chile ficam abestalhados com nossa cultura e tocam como loucos.
Adoro lindas mulheres, mas não consigo limitar uma festa ao conceito de pegação, são tantos elementos e vibrações que por muitas vezes, a abstração é dominante e as materialidades todas me soam tão pequenas, que minha pró atividade “mulherística” cai pra zero, fico no máximo sonhando como seria bom se aquela guria chegasse em mim, confortavelmente. Sei muito bem que o fato de eu apenas fumar e não beber contribui para o comodismo, mas a abstração é a maior culpada por eu pastelar na balada, fato. E como é bom abstrair.
Depois de muitas espirais de pensamentos, abstrações e uns energéticos o melhor é ir pra padaria, tomar um suco de laranja, um pão na chapa e lentamente se arrastar para casa, jogar os sapatos com violência como se tivesse indignado e desmaiar totalmente, se jogando em sonhos mais loucos que todas as viagem físicas de um mundo concreto, acabando assim, mais um dia.

6 comentários:

Unknown disse...

Sábados...
Por pouco nós não nos encontramos.

MariLônia disse...

Rufos
O texto q vc publicou aqui "aos que bóiam" não é seu não né? Parece que já o li em algum lugar...
Mesmo assim, muito mais bons textos p/ vc!
;-)

André Rufino disse...

todos são meus sim.
brigadao.

PLSK disse...

esse foi o texto mais legal que eu vi no seu blog até agora.

não li todos, mas nesse você supera.

parabéns andré, muito bom.

André Rufino disse...

Valeu kepler meu querido.

André Luiz disse...

Sua casa Rufos é a opções de muitas pessoas... rsrsrsrsrs... sempre que estou em Sapa nunca me furto de dar uma passadinha aí... :)